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Mostrando postagens de junho, 2013

Hóspede das Formigas

Valdevino estava desempregado há bastante tempo. E não foi por falta de iniciativa. Nas portas em que bateu só ouviu negativas sob as mais variadas desculpas. Nunca aprendeu uma arte, e sem profissão definida, apelava para o biscate como opção mais próxima. Fazia ponto na feira com seu carro-de-mão onde pegava fretes. Embora não fosse casado, era arrimo de família. Na qualidade de filho mais velho, ficou responsável pelo sustento dos irmãos pequenos e da mãe viúva, depois que o pai foi assassinado durante uma discussão num jogo de sinuca. Se Valdevino ganhasse algum dinheiro, todos comiam, caso contrário, ninguém dormia; a agonia da escassez não deixava. No inverno a situação piorava. Com a chegada das águas o movimento diminuía para desespero dos feirantes que ali negociam. A área ficava inundada, o lixo boiava e entupia os bueiros. A fedentina afastava o consumidor enojado e atraía ratos e cães famintos. Lamentando a sorte com um amigo, motorista de caminhão, recebeu dele proposta