Duas poesias do grande Maiakoski, poeta russo "suicidado", escrita no século XX, após a revolução de Lenin:
Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima;
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
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Na primeira noite, êles se aproximaram
e colheram uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam nas flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa, rouba nossa lua
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
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