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Afago do Professor Sávio de Almeida

Chico Elpídio: a música alagoana te acompanha
Luiz Sávio de Almeida

Sempre admirei Chico Elpídio, mas apenas duas vezes tive oportunidade de observá-lo. Uma delas foi distante, pois ele estava em palco no Teatro de Arena. Uma segunda foi bem íntima, pois tocava com um grupo de amigos na casa do Zé Ivo, outro grande talento. Aí, tive a chance de parar, olhar e ouvir como pediam os cruzamentos da estrada de ferro. Eu fiquei mais uma vez encantado, só que era num ambiente em que ele estava inteiramente livre, podia fazer o que desejasse com o seu violão e fazia numa simplicidade exemplar.
Chico Elpídio nasceu em Maceió em 1951 e são, no mínimo, 46 anos de violão ou de intimidade com aquele tipo de caixa de som. Pouco a pouco foi se construindo profissionalmente e passou a tocar com algumas bandas como Os Diamantes, Som Sete, Kuka Samba. Depois, é que vai montar o Grupo Terra, no ano de 1975 e vai gravar seu primeiro Lp.
Ele vai compor e procurar parceiros; neste caminho, encontra Paulo Renault e com ele acontecerão algumas músicas. Paulo Renault já se foi e fez parte da boemia do Bar da Zefinha que também descansa em paz: o Bar e a própria Zefinha. Ficava numa rua quase escondida e por detrás do Mercado de Jaraguá, onde mesas cheias se deliciavam com as cantorias do João Paulo e vez em quando nós ouvíamos o vozeirão do Paulo Renaúlte (como eu o chamava) falar das desditas de um cotidiano de uma novaiorque zefiniana. No rumo da sua busca por parcerias, ele encontra, também, o Marcondes Costa, outra pessoa por quem guardo reconhecimento. Um seu parceiro bem chegado foi Geraldo Rebelo: gravaram sete músicas no CD Dilúvio. Também o Eliezer Setton (autor de uma das mais belas músicas que conheço) esteve em parceria com Chico Elpídio: ele é o letrista de Raízes.
Agora, aparece Pablo Carvalho, cuja amizade com o Chico vem de Paulo Renaúlte. Pablo é um grande amigo e um dos iluminados do Bar da Zefinha, pessoa por quem tenho muito carinho, companheiro de farras acentuadas pela extensão de Maceió, um camarão aqui e uma cachaça ali, mas sempre com os costados no Bar da Zefinha. Aliás, o Pablo é sobrinho do Cícero Péricles, um dos fundadores da Confraria do Sardinha que pousava no Bar da Zefinha e do bloco de carnaval Família Josefina, a família da Dona Josefa, mais conhecida como Zefinha (Deus a tenha!). Pedro Cabral é o grande historiador disto tudo. Como se pode notar, em torno da Zefinha ajuntava-se uma pequena parte do nosso patrimônio sócio educativo. Foi a Família que decidiu colocar uma placa em Jaraguá, em homenagem à rapariga desconhecida. Arrancaram: foi uma violência. 
No ano de 1996, Chico Elpídio grava Duas Caras, depois aparece Dilúvio e agora vem Contemporâneos com o Pablo. Possivelmente, pelo que reputo, sua aparição mais extraordinária se deu em Maceió, Cidade Aberta. Quem viu, não esquece; as músicas eram do Chico, Juvenal Lopes e o texto era do Renaúlte. Chico tem história e muito tempo pela frente. Tenho a certeza de que ele continuará a encher o mundo de beleza com ou sem parceiros. 

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